sexta-feira, outubro 14, 2005

POST NATURAM ! - E AGORA ?















Olhai estas flores do campo
qu' existem sós sem ninguém
qu' olhe por elas !...

Olhai as aves coitadas
caídas numa armadilha
vinda do céu !...

Olhai esta Natureza
a quem humano Progresso
declarou guerra !...


Olhai todos os seres vivos
que sabemos existir
mas não têm paz !...


Olhai os peixes no mar
e esta luz no horizonte
de um vil clarão !...

Olhai o aroma da selva
as miragens do deserto
que vão ficar !...

Olhai a água das fontes
que estão prestes a secar
sem haver nuvens !...

Olhai o sentir dos homens
sem coração para amar
e libertar !...

Flores do campo, aves do céu,
ó Natureza e Progresso,
o que fazer ?

Seres vivos, peixes do mar,
ai ó selva e ó deserto,
quem acolheis ?

Ai secas fontes e nuvens,
sem água p' ra saciar
quando chorais ?

O Mund' enfim, há-de voltar,
e o homem há-de crescer
para sonhar !


Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA
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domingo, outubro 09, 2005

CARMINA BURANA


CARMINA BURANA

“Carmina Burana” é uma expressão em latim e significa “Canções de (Benedikt)beuern”. Durante a secularização de 1803, um volume de cerca de 200 poemas e canções medievais foi encontrado na abadia de Benediktbeuern, na Bavária superior. Eram poemas dos monges e eruditos errantes — os goliardos —, em latim medieval; versos no médio alto alemão vernacular, e vestígios de frâncico. O doutor bavariano em dialetos, Johann Andreas Schmeller, publicou a coleção em 1847 sob o título de “Carmina Burana”. Carl Orff, descendente de uma antiga família de eruditos e soldados de Munique, cedo ainda deparou-se com esse códex de poesia medieval. Ele arranjou alguns dos poemas em um happening — em “canções seculares (não-religiosas) para solistas e coros, acompanhados de instrumentos e imagens mágicas”.
Esta cantata é emoldurada por um símbolo da Antigüidade — o conceito da roda da fortuna, eternamente girando, trazendo alternadamente boa e má sorte. É uma parábola da vida humana exposta a constante mudança. E assim o apelo em coral à Deusa da Fortuna (“O Fortuna, velut luna”) tanto introduz quanto conclui a obra, que se divide em três seções: O encontro do Homem com a Natureza, particularmente com o Natureza despertando na primavera (“Veris leta facies”), seu encontro com os dons da Natureza, culminando com o dom do vinho (“In taberna”); e seu encontro com o Amor (“Amor volat undique”).

OMNIA SOL TEMPERAT

1.

O sol aquece a tudo
puro e sutil,
Abril de novo revela
sua face ao mundo,
ao amor incita
a alma do homem,
e o deus pueril governa
sobre os prazeres.

2.

Todo esse renascer
na festividade da primavera
e seu poder
nos convida a alegrar-nos,
mostra caminhos conhecidos,
e na tua primavera
é justo e leal
reteres teu amante.

3.

Ama-me fielmente,
percebe a minha fidelidade
totalmente de coração
e de toda a mente,
estou presente
mesmo quando estou longe:
quem ama de tal modo
é torturado na roda.